Diário de Compostela parte 15 – De Astorga até Alcebo

Saimos bem cedinho de Astorga, e paramos na capela que fica bem na saída para conhecer. Ao todo andamos quase 40 Km e vou explicar o porquê:

Íamos parar em Manjarín no Refúgio dos Templários, porque queríamos ter a mesma experiência de Tosanto, Sán Aton e etc… mas ao chegar lá… que decepção. Um conselho de amiga aqui: passe reto, ou fica na cidade anterior. É sujo, não possui o mínimo de higiene, os colchões são podres, parece um celeiro… acredito que até um celeiro seja mais limpo que aquele lugar. Não há banheiro, nem ducha nem nada, é ao ar livre. E os hospitaleiros não me passaram confiança, e pareciam extorquir os peregrinos, porque a cena ia ser cara e bem fraquinha. Sem contar o ritual dos templários que já li relatos bem negativos, que esses hospitaleiros aproveitam a situação para abusar das mulheres. Pois bem… saímos correndo para a próxima cidade, caminhamos mais 7,5 Km depois da Cruz de Ferro. Nós e mais uma mulher que também não quis pernoitar lá.

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Capela na saída de Astorga

Não contando com esse imprevisto tivemos que caminhar muito mais, pegamos chuva e fizemos uma trilha Hard Core correndo para não chegar a noite. E em Alcebo os albergues são mais caros e estavam lotados. Encontramos o último, praticamente na saída que mais parecia um hotel. Na dúvida fomos e tinha a opção albergue: um quarto para 8 pessoas, banheiro quente muito limpo e novo, uma hall gigantesco com uma televisão e uma cena perfeita.

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Forcebádon é assim, uma vila bem bucólica com uma arquitetura bem rural e linda

Pela estrutura chique e comida maravilhosa, o albergue saiu barato: 7 euros e a cena 10 euro, com vinho, água, salada, prato principal e sobremesa. O albergue se chama La Casa Del Peregrino – El Acebo. Só uma coisa que me irritou: os turisgrinos. O quarto além de ter um cara que roncou mais que um motor de carro, tinham 3 americanas que achavam que o quarto eram apenas delas, conversaram alto, uma jogou suas coisas na minha cama, e eu educadamente joguei tudo no chão, e ambas espalharam tudo no chão do quarto que era pequeno. Mas estávamos tão cansados e exaustos que tentei manter a calma e consegui, porque o banho e a comida me deram a calma.

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O refúdio dos Templários: FUJA!
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Chegada a Manjarín – uma vila em ruínas
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Caminho após a Cruz de Ferro até Al Acebo
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Caminho após a Cruz de Ferro até Al Acebo

Passamos por várias cidades e as principais foram a Rabanal Del Camino e Forcebádon. Pegamos muita subida depois de Rabanal e antes foi bem tranquilo e plano. Passamos na Cruz de Ferro que sem dúvida é um lugar mágico com uma forte energia. São mais 2 Km depois de Forcebádon e não há como não se emocionar. É uma energia muito forte, ao ver todas as promessas, orações, pedidos… lá a energia é a união de todos os agradecimentos, dessas promessas de todos os peregrinos que já passaram por lá. Quando subi, prestei atenção e li alguns pedidos, e foi forte demais! Sem dúvida lá é um lugar especial e se temos fé o nosso pedido é atendido. Deixei humildemente a minha pedrinha que carreguei desde o início da peregrinação, nela amarrada uma fita de Nosso Senhor do Bonfim, fiz minha prece para que meu pedido fosse atendido. Hoje posso falar: Foi atendido.

Sai de lá renovada, com uma energia do bem forte com a certeza que tudo aconteceria de acordo com as nossas vontades, protegidos por Deus.

Buen Camino.